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«O Milagre da Bilha»

Peça em destaque

04 fev 2021

Terá sido num chafariz, ali, mesmo junto à Sé de Lisboa, que Santo António se deparou com uma rapariga chorando enquanto aos seus pés uma bilha despedaçada deixava antever o desastre que lhe acontecera. E Santo António, que a tantos vale, também valeu a esta moça. Como mostra esta peça de barro pintado, o santo foi apanhando os pedaços enquanto falava com a rapariga e, sem esta se dar conta, a bilha ficou como nova.

É já no século XIX, mais de 700 anos depois de o milagre da bilha alegadamente ter acontecido que a crescente fama de Santo António como santo casamenteiro junta um outro pormenor a esta história: o jovem Santo António teria roubado um inocente beijo à rapariga.

A associação de práticas festivas de São João a Santo António pode ajudar a explicar este detalhe. É preciso não esquecer que o início do verão era marcado pelo ambiente festivo em torno de fogueiras noturnas, pelos descantes e pelas sortes, pelos cortejos de rapazes e raparigas às fontes e aos campos nas vésperas das festas dedicadas a estes dois santos.

E terá sido esse ambiente alegre e descontraído que levou a associar ao Milagre da Bilha esse pormenor atrevido de Santo António roubar um beijo às raparigas ao qual Bordalo Pinheiro tantas vezes recorreu na sua crónica de costumes.

Não sabemos se Santo António terá ou não roubado um beijo a esta moça aqui retratada por Acelino Carvalho numa obra feita na Fábrica Bordallo Pinheiro, em 1908. Certo é que, ao contrário do que se pensou durante muito tempo, este Milagre da Bilha já era conhecido no século XVII, como se prova pela descrição de D. Rodrigo da Cunha na “História Eclesiástica da Igreja de Lisboa”. Mas sem menção ao beijo.

Veja o vídeo aqui.

Oiça a leitura do «Milagre da Bilha»

«O Milagre da Bilha»
Acelino de Carvalho
Fábrica Bordallo Pinheiro
c. 1908
Barro patinado
Dimensões: A 240 X L 240 X P 140 mm
Museu de Lisboa - MA.CER.0078

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© Museu de Lisboa